quarta-feira, 12 de março de 2008

ATAC contesta traçado do TGV

O movimento ATAC (Amigos da Terra por Amor à Camisola) entregou ontem a 13 entidades uma contestação à passagem do TGV no concelho de Alcobaça, apelando à averiguação sobre o afastamento dos técnicos responsáveis da avaliação do traçado.

O ATAC manifesta "indignação" ao parecer favorável emitido pelo Ministério do Ambiente, apelando à averiguação sobre as "condições em que foi feita a aprovação do traçado do TGV na ligação Ota-Pombal".
"Porque é que o traçado aprovado foi contra o parecer inicial dos técnicos da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro", interroga o movimento, questionando ainda sobre "a razão do afastamento dos dois técnicos (...) nomeados inicialmente para elaborar aquele parecer".
"A avaliação dos técnicos da CCDRC incumbidos daquele processo foi peremptória ao afirmar que os impactos da passagem do TGV são 'negativos muito significativos e não minimizáveis', conclui o ATAC.
O movimento questiona ainda a "necessidade" de "um investimento tão elevado, numa altura de apertar o cinto", alegando que o TGV entre Lisboa e Porto "vai retirar apenas 15 minutos ao tempo de viagem que o Alfa Pendular demora hoje", realçando os "riscos" decorrentes do ruído, vibrações e radiações electromagnéticas para os habitantes.
Segundo o ATAC, "não faz qualquer sentido manter o traçado de passagem entre Serra de Montejunto e Serra dos Candeeiros", em virtude da alteração de localização do novo aeroporto de Lisboa, da Ota (Alenquer) para o Campo de Tiro de Alcochete, propondo um "traçado mais vantajoso" a Este da Serra de Candeeiros.
A contestação, que elenca as espécies da fauna e da flora existentes no concelho de Alcobaça, foi entregue aos partidos representados na Assembleia da República, às comissões parlamentares do Poder Local, Ambiente e Ordenamento do Território e de Obras Públicas, à Presidência da República, à Procuradoria-Geral da República e aos ministérios das Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações e do Ambiente, Ordenamento do Território e Desenvolvimento Rural (MAOTDR).
O ATAC sustenta a contestação nos "erros técnicos da linha de TGV entre Lisboa e Coimbra, que ignora locais de relevo ambiental e patrimonial", criticando a "ligeireza" do MAOTDR na emissão da Declaração de Impacto Ambiental ao Lote C1, do troço entre Troço Alenquer (Ota) e Pombal.
Segundo o movimento, o traçado proposto "irá ser responsável pela separação de núcleos urbanos consolidados, com alterações na dinâmica urbana e social existente" e "espartilha oito freguesias" do concelho de Alcobaça.
"A RAVE, no seu desejo de tudo impor e a ninguém respeitar, põe em causa a Capela de S. João Baptista, em Olheiros, freguesia de S. Vicente de Aljubarrota, considerada património nacional", frisa o ATAC, na contestação, acrescentando que a capela renascentista foi restaurada recentemente com o apoio do município de Alcobaça e do IPPAR.
Para o ATAC, o traçado vai percorrer "a mais importante zona calcária de Portugal, datada do Mesozóico", destacando o vale da Ribeira do Mogo, com 13 grutas identificadas pela Associação para a Defesa e Valorização do Património Cultural da Região de Alcobaça (ADEPA) e a nascente cársica de Chiqueda, que "é responsável pelo fornecimento de água potável a cerca de 70 por cento da população do concelho".
De acordo com o movimento, o traçado da ferrovia de alta velocidade "está prevista a cerca de 300 metros em linha recta" da nascente de Chiqueda, quando o Plano Director Municipal de Alcobaça impõe "protecção a esta nascente de 500 metros".

Fonte: JPS/Lusa

Sem comentários: